A empresa brasileira Biomecanica, fabricante de implantes e próteses ortopédicas, tinha três décadas de história quando decidiu ir de Jaú (SP) para o mundo. Mas não apenas por meio de exportações, pois seus produtos já eram vendidos para mais de 40 países, em todos os continentes. O diretor executivo da companhia, Ricardo Brito, sonhava em ter uma planta internacional. Optou pela Suíça, onde a companhia já operava localmente por meio de parceiros desde 2014. Em janeiro, será inaugurada a indústria em Neuchâtel. E Brito afirma que encontrou no país europeu a infraestrutura e o apoio à inovação que não achou no Brasil e em nenhum outro lugar.
O caso da Biomecanica ilustra o caminho de outras empresas brasileiras que também encontraram portas abertas na Suíça. Elas são atraídas, principalmente, pela competitividade da economia do país e pelo hub de inovação que foi criado por lá. A Suíça ocupa o primeiro lugar no ranking de competitividade global anual do Fórum Econômico Mundial pelo nono ano consecutivo e, pelo sétimo ano seguido, também está no topo do Índice Global de Inovação publicado em conjunto pela Cornell University, o Instituto Europeu de Administração de Empresas (Insead) e a Organização Mundial da Propriedade Intelectual.
O segredo do país? Estabilidade política e econômica, pouca burocracia e parcerias entre universidades e centros de pesquisas e empreendedores. “A Suíça é atrativa para empresas que buscam não o mercado, mas ativos estratégicos que o país consegue oferecer de maneira extremamente competitiva”, explica Diego Coelho, professor de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e docente do programa de pós-graduação em gestão pública e cooperação internacional da Universidade Federal da Paraíba (PGPCI-UFPB). “É o caso da mão de obra especializada e do cluster de inovação em setores como biotecnologia, tecnologia da informação e indústria de precisão.”
A mecânica de precisão é uma tradição suíça que começou com a produção de relógios, pela qual o país é famoso. O conhecimento desenvolvido foi, ao longo dos anos, sendo usado na produção e no desenvolvimento da importante indústria mecânica do país. Tanto é que o setor é muito mais significativo para a economia suíça do que o setor bancário ou de seguros, que representam apenas 10% do PIB – a imagem de paraíso fiscal ficou para trás. A tecnologia médica, outro exemplo da indústria de precisão, com participação de 2,2% do PIB suíço, 1,1% do total de empregos e 5,5% do valor total das exportações. São 1 350 empresas que empregam 54 500 funcionários.
Há ainda outros setores que se destacam: a indústria farmacêutica, por exemplo, representa 35% do valor total das exportações do país. Ao acrescentarmos a indústria química, chegamos a 45% do total. O setor de energias renováveis também está com força total, pois o país planeja dar as costas à energia nuclear até 2050. Hoje, dois terços da energia produzida pelo país é de origem nuclear. A estratégia é aumentar a eficiência no consumo de energia elétrica e apostar em fontes renováveis, como solar, eólica, geotérmica, biomassa e biogás.
Fonte: https://exame.abril.com.br/negocios/a-suica-que-voce-nao-conhece-e-o-que-ela-tem-a-oferecer/
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